História das bancas

Gerações mais novas certamente não vão saber o que eram as bancas. Por sinal já viemos tendo mudanças. Como exemplo a locadora de filmes, um comércio que desapareceu.

Essa mudança de mídias você pode encontrar em algumas produções, pra quem viveu essa transição, certamente viu algo relacionado. Pra exemplificar, o filme do Ben Stiller “A Vida Secreta de Walter Mitty”, mostrando justamente a mudança do físico para o digital, em especial o formato deste texto, as bancas/revistas.

Aqui vai ser tratado um pouco dessa loja que era meio pra se conseguir um certo entretenimento. Caso você seja Enzo, celular nem existia, então uma das formas de se distrair eram as revistas. Imagine-as como um site, e, sendo site, existiam os mais variados temas. Seja aquele material safadinho pra bronha. Calma, tinha homem pelado também. Ou notícia, material infantil etc.
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O que era a banca?
Pra quem tá no futuro e não soube o que era a banca. Era uma espécie de loja, formato quadrado e um tipo de prateleira com diversas revistas. Como dito aí em cima, tinha revista pra todos os públicos. Tinha a revista adulta, infantil, notícia, quadrinho, até pra aborrescente seboso e cheio de espinha.

As revistas eram compradas pra encher um pouco o bolso do jornaleiro (dono da banca).

As bancas podiam ser encontradas em quase toda esquina, essa era uma das melhores coisas, você ia na mais próxima de casa e voltava todo feliz com a sacola.
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As bancas acabaram?
Apesar do negócio ter praticamente falido, talvez você ainda encontre alguma por aí. Em uma novela recente da Globo, “Volta Por Cima” (2024/2025), houve representação da banca. Mas não era a mesma coisa que foi no passado. Talvez tenha alguma revista, porém se encontram outros itens, como recarga de celular, venda de picolé e outros sem relação com o que deveria ser esse estabelecimento.

Se você encontrar banca atualmente, vai ver esses itens diversos. O que ainda pode quebrar o galho em questão de mídia física são os quadrinhos, que infelizmente hoje estão caríssimos. Revista, se você achar, provavelmente usadas. Algumas bancas que ainda ficaram com seu ponto hoje são praticamente um sebo, cheio de edições amareladas que se você conferir durante um ano inteiro certamente vai encontrar as mesmas edições e do mesmo jeito. Ninguém compra.
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O “fim” das revistas
Banca, sendo uma loja de venda de publicações, foi gradualmente caindo na popularidade.

Revista, convenhamos, era um formato enfadonho. Isso as mais sérias. Aquelas que traziam notícias e buscavam ter formalidade, se você de repente encontrar por aí (no site), vai ver que se rebuscavam pra falar em um texto gigante sem fim apenas que o cocô saiu da bunda.

Esse formato sisudo com o fácil acesso à internet fez mudar o comportamento. Quem vai querer passar o tempo lendo chatice sendo que na internet tem piada no celular? Pois aí que começaram a mudar um pouco os hábitos.

Outro exemplo foi a revista master das masturbations, referência no mundo, chamada de Playboy. Playboy era um mídia recomendada até no seio (generoso) da família. Playboy, se mostrasse, aquela rachada e com photoshop foi perdendo espaço pra imagem da cavidade vaginal, podendo ser vista por qualquer um que tivesse internet e ainda com possibilidade de zoom.

A Playboy foi outra que com o tempo escafedeu-se. Embora ainda haja relato de existir em algum lugar por aí.

Essas empresas de revistas algumas ainda conseguiram se manter, mas é claro adotando o formato internet.
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Ainda existe mídia física?
Pois então, essas publicações mais sérias não tem mais espaço. A pessoa teria que comprar, arranjar local pra elas, pegando poeira. E ainda ler (a pessoa não vai ler).

Playboy e títulos adultos também perderam espaço. Esse aqui ainda era diferente. Você teria que comprar com o vendedor te olhando, dar um jeito de levar até sua casa (sacola transparente). E chegando precisaria esconder. Olha só que bucetaço! Hoje tá na palma da mão, se é que você me entende…

O que ainda gera interesse na mídia física é quadrinho e livro. Livro infelizmente também caiu pelo desinteresse, com grandes lojas sendo fechadas. Quadrinho ainda pode ser achado, porém tá um preço caro, é de se pensar se vai querer acompanhar uma aventura, e isso mesmo em edições simples.

Quadrinho e livro, mesmo com a possibilidade digital, ainda são defendidos. Com o gosto do formato físico de poder tatear e sentir o sabor deslizando os olhos.
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Gêneros de banca
Um pouco dos estilos que você encontrava nesses locais

Se você manjava de violão, revista de cifra. Caso fosse só um entusiasta da música, revistas sobre música

Cifra e música
Pra quem gostava de um violão, uma das revistas encontradas eram as cifras. Também existiam revistas com matérias relacionadas à música. As de cifra eram super simples e baratinhas.


As revistas de piadas (de piadas boas) eram divertidas, com verdadeiros achados em histórias. Muitas com humor incorreto e também palavras chulas 

Piada
Algumas revistas fazem falta e uma delas eram as de piadas. Essas de piada embora consumidas por sebosinhos em fase de descoberta continham muita coisa imprópria, digamos assim, e ainda ilustras bacanas de cartunistas.


Hq e mangá são mídias que ainda fazem sentido no formato físico, porém hoje tá muito caro. Mesmo revistinha simples :(

Quadrinho e mangá
Este aqui certamente rendeu uns bons trocados ao proprietário. Os quadrinhos e mangá eram gosto da juventude e ainda chegando periodicamente. O cheiro da juventude era esse formato com aventuras sempre disponíveis na mesma bat-data e no mesmo bat-local.


"Ah porque o Lulo, o Bostonaro..." Discussões de política eram muitas vezes com argumentos de revistas. Normalmente entre tiozinhos barrigudos

Notícia/política/seriedade
Uma das mais promissoras eram essas. Com tiozinho que gostava falar mal do Lula, ficar discutindo política. É quase o que acontece atualmente.


Superdesinteressante foi uma das revistas de maior referência, junto de quase toda a Editora Abril. Navegando no site, a editora ainda tá com suas publicações no formato digital

Superdesinteressante
Revista aclamada por nerdolas. Era chata pra caralho, mas tinha algumas ideias boas.


Revista de fofoca, com a vida alheia se dando bem e ninguém quer saber

Fofoca
Ninguém quer saber que os famosos tão se dando bem nadando em dinheiro, mas era um dos gêneros


Se o Amado Batista pode te dar uma previsão, aí é certeza, confia!👍🏻

Horóscopo
Acredite! O amor da sua vida vai simplesmente querer transar com você logo na primeira vez que vê-lo hoje. Vai ser um amor pra vida inteira! Opa, essa era a edição de ontem…


Outro título era a Capricho. Essas revistas eram normalmente para meninas que começaram a usar desodorante

Revista adolescente
Normalmente para as garotas


A Claudia (quem era essa Claudia, afinal?🤔) foi uma revista para a mulher, mas o moleque que tava sozinho em casa e começando a sentir fortes emoções, provavelmente criava altas aventuras no formato 5 contra 1

Revistas femininas
Um dos estilos era para o público feminino, falando sobre mulher, maternidade, educação. Algumas vinham até com mulher de lingerie, muitas vezes inspirando o moleque pra punheta (era o que tinha).

Playboy/Sexy/Hentai/Homem pelado e putcharia
Outro formato em evidência era o gênero adulto. Acredite, a pessoa tinha que perder a vergonha e comprar na cara dura (e pau) uma revista de sacanagem. E ainda dar um jeito de esconder das visitas.

Este gênero em especial rendia boas histórias. Muitas vezes quem comprava era menor de idade. E ainda o pai de família muitas vezes ficava guardando alguma revista em um local secreto. Secreto até o pirralho descobrir……

Como rendia causo, um pouco de cada pra você visualizar.

Playboy e Sexy eram revistas adultas (ou masculinas) que estavam em evidência, seja o pai da família recomendando ou mesmo na mídia. De gênero adulto, eram as únicas que tinham certa divulgação no "mainstream"

_Playboy/Sexy
Sabe aquelas listas “ponta de iceberg”, pois então, a Playboy e a Sexy são elas. A Playboy era uma revista incentivada pelos “bons costumes”. Reza a lenda que algumas pessoas compravam só pra ler as matérias (tá bom). A Playboy é uma marca global que ainda está ativa e foi referência no mundo adulto/mulher pelada. Era a chance de ver aquela moitinha e futuramente uma rachada. Com o avanço das tecnologias muita gente ficou na dúvida se a Playboy estava de fato mostrando mulheres nuas, havia teorias de que ela tava só no Photoshop. Traduzindo, o cara batia bronha pra algo que não existia!
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A Sexy foi uma concorrente nacional da Playboy. Também tinha matérias mas um certo diferencial de exibir melhor os beiços da mulher. Digamos que a Sexy era mais ousada. Se você tava usando Sexy, era como estivesse usando uma droga mais forte kkkkkkkkk


A G Magazine também tinha relevância, lembrada até hoje. Contava com celebridades mostrando a rola. Obs: gênero gay (mas provavelmente alguma mulher comprou)

_Homem pelado
Se tem pra homem tem que ter pra mulher, né? Essas revistas na verdade eram de público gay, mas não era nada impossível você ver a solteira comprando a revista. A G Magazine foi expoente e, assim como a versão de mulher pelada, lançou diversas celebridades. Se você tiver curioso(a) faça uma busca de algum ícone do passado, só tome cuidado pro seu aparelho não pegar vírus.


Hentai certamente inspirou muitos conteúdos sendo produzidos por garotos. O hentai foi o quadrinho pornô que tava sempre disponível na banca, isso por causa da febre dos animes. Em tempos antigos normalmente era quadrinho mesmo, sem estilo mangá

_Hentai/Quadrinho pornô
Sucesso entre a mulecada que gostava de ficar no banheiro, existiam os quadrinhos pornôs. Se você fizer uma busca vai encontrar o gênero quadrinho mesmo. Isso era mais nos tempos antigos. Com a popularização dos animes e mangás, facilmente você se deparava com o título Hentai. Esses Hentai na verdade continham tanto estilo japonês quanto normal. E ainda, pra falar a verdade, essas hqs pornô, Hentai ou não, eram muitas vezes assinadas por brasileiros. Há causos de ilustradores que faziam o gênero adulto às escondidas. O negócio era mesmo Hentai, opa, rentável.

Note que essas hqs de fato eram explícitas, desenhos mesmo do cacete e com aberturas da dona buceta.


Não vamos ilustrar as revistas de fato pornô. Mas aqui alguns títulos: Brazil, Private e Buttman. O pornô, só mulher pelada ou conteúdo explícito também podiam ser encontrados em diversos tamanhos, formato pequeno - palma da mão (palma da mão?) - ou a edição padrão comum, variando no preço. Existia até fotonovela erótica (erótica, não, era pornô mesmo kkkkkkk)

_Pornozão putcharia
A Playboy e a Sexy davam uma visão não muito clara sobre o órgão feminino. Se você visse a rachadinha, conseguiu até ver bastante. Porém existiam revistas mais pesadas com a bucetona aberta pra olhar a anatomia feminina. E penetrações. Essas revistas eram muito pervertidas e não recomendadas. Além da pornografia, muitas possuíam conteúdo adulto não muito saudável.

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Com essa visualizada, acredite, tava tudo isso junto e misturado na banca. Você ia comprar um gibi e terminava vendo um bundão. Você ia comprar um bundão e tinha uma família passeando. Eita porra!
As bancas tinham vitrine e lá você no trânsito de merda terminava vendo a gostosona da capa. Era isso mesmo!

E além das revistas também podiam ser encontradas outras mídias, DVD/VHS (pornô ou não), CDs de músicos famosos em coleções que alguma editora podia lançar e livros.

Era um lugar bem diverso, né? Pois então, foi ficando em desuso.
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A queda das bancas
parte1
Como pode um espaço até legalzinho ter caído?

As bancas foram um ramo promissor, abarcando qualquer público e em publicações regulares. Podia ter certeza que a clientela tava lá sempre. Mas o tempo ia mudando.

É de se notar que alguns gêneros mencionados tiveram mesmo desuso. Ler matérias infinitas e chatas não tinha mais espaço. Pornô? Tá na palma da mão!

Mas as bancas já vinham com alguns problemas. Pra citar, vamos falar dos quadrinhos.

Quem acompanhava quadrinho podia sempre ir no mesmo local e dia que lá tava a nova edição com cheiro de folha fresca.

Em se tratando das hqs sempre no final dela tinha um número de telefone e sugestão de falar com o proprietário da banca. “Fale com seu jornaleiro pra pedir o número que você perdeu”.

Embora as revistas chegassem regularmente podia ocorrer alguma edição pular ou mesmo caso você tenha começado atrasado sua coleção.

Falando com o jornaleiro ele simplesmente dizia que não dava pra pedir!

Felizmente você podia conseguir ligando ou mandando fax (o tempo era tão da pedra que nem internet se usava).

Isso aí também foi um fator para a leve queda do ramo das livrarias. Você podia encontrar o que quisesse de forma remota, avançando teremos os sites “compre na sua casa”.


parte2
Tá, tudo bem que você pode pedir no cômodo de casa o que deseja, mas frequentar banca ainda era um meio de visualizar revistas que podiam ser conferidas apenas na tela. Preço também, embora tenha aumentado, ainda dava pra comprar. E sem pagar frete.

Mas, pouco antes da queda que vai ser falada abaixo, infelizmente a banca já não tinha mais a eficiência de outrora. Muitas revistas anunciadas, porém sempre que você ia atrás delas podiam ou não tá na banca. E você, que tava maluco querendo a edição, fazendo o rolê pela cidade podia encontrar na banca que não era mais próxima. E aí quando saía o outro número tava em outra banca, e depois só em outra e em outra. Tava cagado.

Nesse tempo aí, por volta do fim da década de 2010, as bancas também já não tavam com aquele volumão de material. Inclusive os proprietários já se utilizavam de outros itens, como cigarro, picolé e outros.


parte3-the end
O negócio de banca já não tava tão bom e praticamente sumiu com a Pandemia COVID-19 (2020-2023). Bancas normalmente eram estabelecimentos de rua, com a pandemia muitas restrições foram feitas. E comprar esses itens na rua não era o mais adequado. Com o fim da pandemia muitas bancas ainda podem ser encontradas - os estabelecimentos - contudo estão lá desligadas ou viraram sebos.

Aliado a isso o já desinteresse em comparação a um simples smartphone, que pode oferecer o maior barato sem precisar tá gastando com frequência e dar maior comodidade.


notas finais/conclusão
Esse período produtivo da banca foi se encerrando nos anos 2010. Pra quem vivenciou até a chegada dele certamente viu o volume de edições na esquina mais próxima. Elas estavam mesmo carregadas! Tempo saudoso!

. Apesar de muita coisa das revistas não ser algo, digamos, “palatável”, saíram sim matérias de fato boas, algo que faz um pouco de falta. Redes sociais e urgência de conteúdo na internet deixam a desejar em questão de seriedade, que infelizmente parece que acabou.

. As edições físicas eram atrativas, seja na capa da Playboy ou de revistas de notícias, já existiam as “thumbs”. Gerando visualização de quem passava pelo “feed”.

. Mudança de tempos, hoje quase tudo é digital, muita coisa já sumiu. Pra quem conseguiu viajar por algumas décadas viu as transformações. Bolachão virou CD, CD caiu em desuso. VHS virou DVD e puft!

..Cabou!

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