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Mais uma revista que você se deparava na banca sem referência alguma
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Nos bons tempos de banca, caso não tenha vivido, você encontrava um monte de hq à venda. O negócio tava com o preço bom e ainda era comum você ser surpreendido com algo desconhecido.
Foi o caso de Priest, você que costumava comprar revistinha e se conhece, foi daqueles de fato sem referência alguma. E quem comprou gostou!
MANHWA
Pra começo de conversa, o título é um manhwa, termo até desconhecido na época. Se os mangás estouravam, o que seria isso afinal?
É um quadrinho vindo da Coreia. É bem provável que Priest e o Planet Blood tenham aberto um pouco esse universo.
Mangá era um gênero febre entre jovens, mas aí surgiu esse do nada.
O estilo é mais livre na verdade. Ao contrário dos japoneses que normalmente seguem um padrão com seus olhos e cabelos espetados.
Priest parece um quadrinho feito de maneira mais amadora, um título de fato alternativo, não tem o padrão dos olhões e relacionados.
LUMUS EDITORA
Priest foi preço até acessível de 10 Reais (ficou até a última edição 16) e veio de uma editora desconhecida, Lumus. Aparentemente os dois títulos foram o jeito que chegaram no mercado, Priest e Planet Blood, ambos manhwas.
Infelizmente nem uma revista nem a outra vinha com bom encadernamento, dá pra dar esse desconto pelo preço e volume. Uma boa intenção!
E aparentemente sumiu, as duas hqs foram quase só o que veio - fizeram parceria com uma emergente também NewPOP.
Sendo nova no mercado, fez até bonito. Priest foi adorado por quem comprou! O negócio foi bom mesmo!
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A Lumus no início faz um paralelo com Fausto, história onde um homem vende a alma ao Diabo
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PRIEST (manhwa)Mas o que é esse tal de Priest?
Vamos lá!
História
1- Narrativa sobre Ivan Isaacs, um padre que vendeu a alma ao Diabo em troca de vingança pela morte de sua amada Gena Isaacs.
Pegou mesmo de surpresa o público, pois é de ação/terror e ainda faroeste.
No primeiro volume o negócio é matança, um padre(?) com jeitão de louco, armas, bandidos, trem e monstrengos.
No volume 2 a continuação de sanguinolência.
Com uma hq de tirar o fôlego (literalmente), o público que se deparou por acaso com Priest não ia deixar de acompanhar. Era só ter o tempo de vir a nova edição e lá estava o sujeito comprando a próxima revista.
2- Depois de toda essa ação somos apresentados melhor ao que ocorreu realmente. O passado de Ivan Isaacs é mostrado, e ainda há um trecho no futuro (?), que não fazem mais referência.
3- A trama se passa nos EUA, nos tempos do faroeste, então é totalmente caracterizado, com direito a cowboys, chapéus e estrelinha distintivo.
4- Segue num estilo “chefão”. Ivan Isaacs vence alguns anjos caídos e assim prossegue, bem básico mas muito bom!
Características
Alguns elementos pra você saber.
1- A hq não vem com faixa etária mas é até bem pesada! Se sua coleção caísse na mão da mãezinha da igreja, os cabelos do cu dela iam ficar arrepiados.
1.2- Tem muita violência. Na primeira edição mesmo é sangue pra tudo quanto é lado.
1.3- Monstros dos infernos? Temos! Zumbis? Temos! Anjos caídos? Temos!
1.4- Profanação? Temos! Sacrilégio? Temos! Ofender Deus? Sim, também temos!
2- A história em muitos momentos contém sacrilégios. O nosso protagonista era um homem de Deus, mas que termina tendo sua fé abalada por algum evento tenebroso. Isso também ocorre com outros personagens. E essas cenas são afrontosas e pesadas.
3- Aparentemente há quase um roteiro traçado, segue no formato linear, com sugestão do que está por vir. Dá ideia de que um evento está chegando, com a conclusão dos objetivos - vemos uma espécie de mapa sendo feito nos Estados Unidos, preparação de terreno.
Personagens
Priest nem sempre se mantém focado, então Ivan não está em todas as cenas protagonizando.
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Um padre com sua metranca não quer guerra com ninguém!
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1- Ivan Isaacs: um jovem inteligente que vivia com a cabeça nos livros. É reconhecido e termina indo para o caminho da igreja. Teve um amor platônico com sua irmã de criação - Ivan é adotado. Claro que o pai dela não gostou!
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Assim fica difícil não cair em tentação, Senhor!
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2- Geena Isaacs: irmã de criação do Ivan, e filha legítima de Jacob Isaacs. É mostrada como alegre e travessa. O oposto de Ivan, insosso.
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Dá pra ver a semelhança, principalmente pela parte da frente!
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3- Lizzie: uma jovem pistoleira (ao pé da letra) que tem semelhança com a finada Geena Isaacs.
-Personagens do mal (mas gente do bem é o que não tem)
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Belial fica só na mutuca dando os papos pro Ivan
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1- Belial: demônio que é praticamente um encosto pro ressuscitado e irado Ivan, os dois tem um trato na tentativa de deter o personagem abaixo, o Mortandela… ops, Temozarela.
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Então Deus falou: "Você se chamará Mortandela! ops Temozarela."
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2- Temozarela: bem que podia ser uma marca de mortandela, mas não. É o grande vilão. O cara mesmo quase morto ainda consegue unir capangas. Sua história é de que ele ficou com ciuminho dos humanos, porque Deus terminou dando mais crédito a nós do que os tão poderosos anjos. Sim, o Mortandela era um anjo, e ainda dos melhores, que tinha vencido Lúcifer e companhia. Eita!
-Mais personagens
No decorrer da trama alguns extras aparecem e com destaque.
Um grupo mais especificamente, que tá vagando pelos EUA tentando resolver esse caso de plano maligno dos Infernos.
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Coburn dá aquela de malvadinho
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1- Coburn: Coburn ganha bastante destaque, é um xerife que serve como o cara de “atitude” na trama. Enquanto os outros usam o céreblo (o padre), ele quer mesmo é atirar, rebeldezinho.
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Esse aí pelo jeito gosta de levar puxão de orelha
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2- O padre bonzinho: esse aí está no grupo do Coburn mas só falta se tremer quando vai falar de alguma situação séria. É quase o saco de pancada do Coburn, ô bixinho pra levar esporro!
3- O homem da metranca: tem um homem forte negão que não fala muito mas chama atenção pelo seu tamanho, visual e metralhadora.
4- Índios: faroeste tem índio também né? Eles aparecem geralmente usando objetos cortantes (adaga, machadinha) pra atacar. Em dado momento o autor também insere uma amizade entre eles e Coburn.
E QUAL O FINAL DISSO AFINAL?
Priest mesmo com seu sucesso, e talvez por ser da Coreia, não há muitos dados sobre. A Lumus desde as primeiras edições já havia dito aos leitores que o contrato deles era de 16 volumes.
Eles falaram inclusive que o título tava chegando também em outros países além do Brasil. Traduzindo, o Hyung Min-Woo tava faturando!
Mas mesmo com o sucesso, não se ouviu mais falar de Priest. E meio que morreu junto com os fiéis fãs e admiradores.
Pra se ter uma ideia de como esse título foi um tanto obscuro, pelo menos no Brasil, muita gente ficou ansiosa pra ver quem era o autor. Ele chegou a dar as caras em forma de desenho em alguma edição, mas foto mesmo era algo meio difícil (desconto que saiu num site divulgado pela revista).
A trama ficou sem final, ainda havia conteúdo pra explorar, que infelizmente o título desapareceu.
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O autor apareceu de novo em seu próprio desenho na última edição. Nela diz que o gibi atrasou. Mas, pelo menos aqui no Brasil, desapareceu!
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EDIÇÃO 16
A última edição lançada deixa brecha pra continuação da história que tava sendo contada (isso no plano micro). O autor resolveu dar as caras de novo em forma de desenho, de forma mais real. Ele diz que o trabalho atrasou e puff. Acabou!
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Tempos bons de banca! Priest fez sucesso, com fãs mandando suas artes e mensagens
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CONCLUSÃO
Priest é um título bem alternativo, tanto pelo desenho, quanto temática. Mas sumiu.
Sua relevância pra ter ideia foi a produção de um FILME! Sim, um título fresco no mercado gerou um filme amerrrricano. Ele não tem quase nada a ver, mas lá estava o nome do Hyung Min-Woo no crédito. O cara conseguiu!
No manhwa da Lumus, uma seção de mensagem dos leitores, que estavam simplesmente amando a história.
A Lumus diz que nos eventos expo criou um joguinho de cartas pra quem passasse nos estandes.
Desenhos eram enviados por fãs e ainda comunidades no Orkut bombando! Hahahaha! Sim, a rede social da época era essa!
Mesmo com sua temática profana, quem provou gostou!
É isso aí! Falou Ana Carolina.
😉
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Amém! |
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