O Ateneu (Raul Pompeia)

Sérgio é o protagonista que vai passar seus dias no Ateneu. A história é uma referência às experiências do autor

Clássico da Literatura Brasileira, Raul Pompeia infelizmente não parece estar no pódio de outros nomes conhecidos, Machado de Assis e José de Alencar - autores que você pode ter ouvido mesmo sem nunca ter lida nada sobre eles. Mas isso não o desmerece nem um pouco!

Raul foi um homem um tanto eufórico e obstinado por suas ideias, algo que talvez o tenha prejudicado.

Sempre que se pesquisa sobre o mesmo não é difícil ouvir as histórias que o cercam e acabaram por resultar em seu suicídio aos 32 anos no dia 25 de dezembro de 1895. Ele tinha um ar tão animado que até mesmo ao acabar com a vida tomou cuidado de atirar no peito numa forma que não desfigurasse o corpo (“até no suicídio um artista deve manter a elegância”). Se despediu com o seguinte bilhete: “À Notícia e ao Brasil declaro que sou um homem de honra”.

As polêmicas que o cercam, segundo dados da Editora Ática, são basicamente duas: 1 - Em relação à sua sexualidade, esta história é bem conhecida; 2 - um artigo publicado por um colega de Raul, o qual culminou na sua morte.

1 - A polêmica da sexualidade veio com um texto sob pseudônimo que atribuíram ao Olavo Bilac. O autor de “O Ateneu” embora tivesse sucesso na vida profissional era um homem solteiro e que morava com os pais. Mas toda essa confusão acabou sendo gerada também pelo espírito inflamado do autor, um grande entusiasta na política e causas da sociedade. Que muitas pessoas não viam com bons olhos. Após o incidente ainda marcaram um duelo, e que não aconteceu. Com tudo isso, Raul ficou vários dias abatido.

2 - O que culminou com sua morte não é tão lembrado, geralmente só se acha informações da rixa com Bilac. Mas na Editora Ática diz que foi uma publicação por um colega, a qual falava mal dele. Raul Pompeia só veio saber do texto dois meses depois e ficou em extrema agonia.




O autor era um homem genioso! Ele só tem a obra mais conhecida “O Ateneu”, o qual se dedicou bastante para lançar. Mas possui outros textos, ainda que não tenham a mesma relevância. Contudo teve seu trabalho durante a vida, ocupando cargos, flertando com arte, frequentando o meio intelectual, teve uma vida urbana. Não só isso, embora sempre seja lembrado como escritor, ele também desenhava e fazia charges, em “O Ateneu” os desenhos são dele mesmo.




O Ateneu
A obra lembra a estrutura narrativa de “Dom Casmurro”, a semelhança é só nisso. Os textos são bem diferentes.

A similaridade ocorre pois nos dois um autor resolve contar sobre sua vida.

Neste aqui é somente sobre sua juventude na escola chamada Ateneu, “um exemplo de sucesso!” Toda essa narrativa tem um pouco de relação com a própria vida do Raul.

Mesmo sendo de 1888 continua atual. O Ateneu era um modelo estimado e dirigido pelo bigodudo Aristarco, ele sempre procurava o melhor para sua instituição. Embora estivesse numa corda bamba, com problemas financeiros e poucos interessados, procurava manter aquele ar de compostura.

O livro é cheio de metáforas, no começo há sugestões à diversos tipos de pessoas. O protagonista Sérgio sempre vai analisando o que ocorre.

O Ateneu é uma escola composta somente por alunos rapazes. E mesmo naquele tempo já se questionava, será que a escola pode resolver os problemas sociais?

O final é a vinda de uma garoto chamado Américo, era o “exemplo” de aluno arruaceiro, pouco se sabia sobre ele, exceto que não queria estudar e vinha da roça. Encerrando com uma analogia mais do que óbvia, se referindo ao contato dos europeus com o Novo Mundo.

O Ateneu pela estrutura narrativa e linguagem é uma obra mais do que obrigatória. Embora seja clássico, não é difícil de acompanhar, quando engrena não dá pra parar de ler, comparado com outros nomes ditos essenciais este está fora do seu tempo e vale muito a pena conferir. Uma excelente reflexão à respeito do mundo desde a época de seu lançamento até hoje!