Maus

“Sem dúvida, os judeus são uma raça, mas não humanos.”, Adolf Hitler.

Narrativa longa. Não é tão simples que nem uma revista, como geralmente se vê nos gibis. É realmente uma graphic novel. Usa da metalinguagem pra contar a história de Vladek Spielgeman, pai do autor, Art (Artie).

A hq comove. As diferentes etnias são tratadas como diferentes animais para demonstrar uma ideia. Os ratos (maus em alemão) são os judeus, os gatos são os alemães e os cachorros são os Estados Unidos. É de se surpreender o que é mostrado nas páginas, que são relatos do Vladek. É exibido o que você já viu em História, mas sob uma perspectiva mais pessoal.

O autor tem um traço muito cartunesco. Os ratos são bastante expressivos, muitas vezes surgem com rostos angustiados, chorando, sempre com um movimento na sobrancelha, demonstrando preocupação, tranquilidade, irritação, felicidade... Diferente dos gatos, esses geralmente estão com sorriso maldoso, e sempre com cara de mau. As outras etnias também tem participação, mas muitas vezes ficam indiferentes. Pois a perseguição foi mesmo com os judeus.

A narrativa vai mostrando desde quando o Vladek conheceu uma garota e logo depois a mãe do quadrinista. Essa aí parece que foi a mulher da vida dele. A ex apesar do próprio pai dizer que era mais bonita, ele gostava mesmo era dessa com quem teve filho. A mãe era muito emotiva, sendo até levada a um sanatório. Depois o cerco começa a fechar.

A família da moça tinha renda. Então o Vladek estava bem, tanto financeiramente quanto em relação à família dos sogros, que gostavam do genro. Tinha o lado também da sua família, mas geralmente se destacavam a da esposa.

Os alemães aos poucos começaram a caçar os judeus, e eliminando cada um. Vladek ainda teve sorte, ele usou de muita artimanha. Mesmo assim perdeu contato com muita gente, e viu muitos morrerem, inclusive a família da mulher.

A história mostra o quadrinista entrevistando o pai, já nos Estados Unidos, e ele está com outra companheira, pois tinha ficado viúvo. Esses pequenos pedaços dão uma veia cômica. O autor até comenta que o pai parece o estereótipo de judeu, sovina. Ele tem muita pena de gastar o dinheiro, e valoriza cada centavo, sendo que nem precisa. O Vladek inclusive foi salvo muitas vezes por esse cuidado com o patrimônio.

Parece inacreditável acompanhar os relatos. Em um tempo até recente, mas olhando os fatos parece que foi de um tempo antigo, sem lei. No entanto aconteceu. Período desumano e ainda sem comoção por parte dos que compactuaram. Parece mentira mas é verdade. E ainda assim se vê acontecimentos maldosos nos dias de hoje.

Vale ler até o final. Realmente parece um quadrinho chato, principalmente para os afoitos. Mas é excelente leitura, pra ver que hq não é só super-herói, super poderes e outros. Esse aqui sim é título de graphic novel. É recomendado!

“Mickey Mouse é o ideal mais lamentável de que se tem notícia [...] Às emoções sadias mostram a todo rapaz independente, todo jovem honrado, que um ser imundo e pestilento, o maior portador de bactérias do reino animal, não pode ser o tipo ideal de animal [...] Abaixo a brutalizacão do povo propagada pelos judeus! Abaixo Mickey Mouse! Usem a Suástica!” - artigo de jornal, Pomerânia, Alemanha, meados da década de 1930.

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